sábado, 17 de outubro de 2009

...


Ultrapassei a hora de chegar em casa, mas não tenho pressa. As ruas estão calmas, o vento frio sopra minha pele como se estivesse acariciando-a. Sozinha, ando sem querer chegar, quero aproveitar esse meu momento insano, chegar perto do mar e me perder nele. Quero pegar uma carona e ir embora para qualquer lugar e andar por aí nesse mundo vivendo aventuras.
Não tenho mais meus quinze anos, mas nunca deixei de lado a garota jovem e sonhadora, continuei criando novos sonhos só que diferentes. Os anos se passaram e aqui estou eu, remoendo o passado, sonhando acordada. Não, eu não quero chegar, pois em questão de minutos a vida começa a exigir que a mulher madura e responsável volte. Ainda faltam três ruas até chegar em casa, três minutos para pensar em loucuras, em planos que não posso realizar agora.
Chego em casa, atrás da porta está tudo que eu temo as regras, as responsabilidades e uma parte de mim que me perturba. Que sensação estranha, que mundo pequeno resolvi viver, caminhei errado só pode. Abri a porta e me deparei com uma sala escura, cheia de pessoas raivosas me olhando com seus olhares de ira e preocupação. Perco a cabeça e tento fugir dali, mas eles me puxam, eu sei que eles me amam, querem meu melhor mas nesse momento são os monstros que me sufocam e me fazem tomar decisões que eu não quero.
Meus olhos ardem, esfrego minhas mãos neles e acordo, era um pesadelo. Que bom que era só um pesadelo.




Nenhum comentário: